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Diz-se que Soares meteu o socialismo na gaveta

Nos anos 80 Mário Soares meteu o socialismo na gaveta.  Esta expressão, de que não conheço origem ou autor, ficou na língua portuguesa. Nos anos 90 escrevi numa das minhas crónicas jornalistas que o Cavaco havia perdido a chave da gaveta, e que estávamos descansados por isso.

Pois neste momento o Costa procura desesperadamente a chave da gaveta.  O Costa e o Soares,  Devem ser coisas ou da conveniência ou da idade, já não se lembram da banca nacionalizada cronicamente deficitária, das empresas públicas cronicamente descapitalizadas.  Não se devem lembrar das empresas que foram alvo de intervenções populares, uma das quais da minha família, e que, um par de anos depois, estavam na miséria, falidas, e com trabalhadores na rua, despedidos.  Enquanto alguns trabalhadores do escritório tiveram inexplicavelmente dinheiro para fazer uma casa nova.

Socialismo é corrupção.  Sempre foi, sempre será.  Comunismo é corrupção e morte.  Socialismo democrático é miséria generalizada para o povo e enriquecimento de alguns portugueses, amigos do regime, alapados ao orçamento.  Pode ser em versão rosa, laranja, amarela ou às listas negras.  Aquele político que não age para desmontar (e este termo é o correto) a máquina estatal, seja em Portugal ou no Brasil ou nos Estados Unidos ou na Rússia, é socialista,  E fala em poder para o povo, quando ele, e só ele, e os seus amigos chegados é que são o povo de quem ele fala.

Desmontar o Estado é devolver poder aos cidadãos.  Reparem os meus leitores que eu não falo de povo.  Nunca falo, nunca falei, senão em estúpidos panegíricos. Nem falo em «pessoas», um substituto amalgamante do substantivo sem significado que é povo.  O povo é uma manada.  A Esquerda gosta de manadas.  As manadas são controladas, mas as vacas solitárias não.  As vacas solitárias têm de ser arrebanhadas de novo (não existe a palavra amanadadas, eu vi).  Não há lugar para vacas solitárias no pensamento escarralhado.  Se quer viver a sua vida à sua maneira, assumindo que não prejudica os outros, não pode.  Tem de viver a sua vida à maneira deles, e pensar o que eles querem que pense, mesmo se a ideia nas cabeças deles forem outra.

O socialismo não é uma ideologia, é um projeto de poder.  E por isso, apesar de andarem à procura da chave, vão pousá-la de novo se estiverem no poder.  Vão governar como sempre governaram, para os amigos do Partido Socialista.  Para o Povo Socialista, e mesmo dessa apenas a parte que interessa aos governantes.  O resto dos cidadãos pagam a conta e as multas do Tribunal Europeu, quando as houver.

Despesa total
Despesa pública entre 2010 e 2015: pelo menos vai descendo.

Se pensa votar no PS, especialmente no PS de Costa, desengane-se.  Está a votar no mesmo homem que disse que a eleição do Syriza na Grécia dava força para seguir o mesmo rumo.  E sabemos onde esse rumo está a levar os pobres dos gregos, não sabemos?  Está a votar no mesmo homem que participou no desgoverno que levou Portugal à preste bancarrota, e no governo que, em desespero de causa, com apenas seis dias de despesas do Estado no cofre, chamou a Troika.

Passos Coelho não é um bom primeiro ministro, mas, caramba, o barco não está a ir ao fundo!  Passos Coelho deveria ter reformado o Estado.  Reformar o Estado significa despedir pessoas.  300,000 pessoas, não 600, e isso é um mínimo.  Para mim, o Estado poderia sustentar-se com apenas 150,000 funcionários.  Incluindo nisso 50,000 militares, bombeiros e polícias; e o resto mais ou menos dividido equitativamente pelos poderes legislativo, executivo (central e local) e judicial.  Mas como despedir pessoas custa voto, ninguém reformará o que quer que seja, a não ser para engordar ainda mais com mais uma camada cronológica de apatetados graxistas e aparelhados parretidários.

Passos Coelho poderia ter feito mais.  E não fez.  António Costa está a tentar passar entre os pingos de chuva, dizendo o mínimo possível de substantivo, fingindo fazer estudos enviesados por acamérdicos lorpas para pretender ter alguma validação científica da estupidez vigente.  E o Pai Soares, que a estas alturas está a fazer um esforço para se lembrar onde deixou a chave, que a idade não perdoa, vai escrevendo pérolas de bom senso como dizer que « O mundo está cada vez pior. A natureza está a revoltar-se contra as agressões sobre a Terra que os mercados usurários lhe estão a causar.» (Diário de Notícias, via O Insurgente)

Não se esqueça de que o Estado é a única organização que pode legalmente tirar tudo o que tem à ponta da arma e que você não pode dispensar mesmo que queira.  Se não gosta de Coca-Cola, bebe Pepsi, Sumol ou água.  Se não gosta do BPI, vai ao Millenium ou coloca o dinheiro debaixo do colchão --- o que, a estas taxas negativas, não deixa de ser interessante.  Se não gosta da RTP, apaga o televisor ou muda de canal.  Mas se não achar que a Segurança Social é vantajosa para si, e desejar terminar a relação de pagador para nunca vir a receber, que fará?  Tenha cuidado: se não ter estado funcional é um inferno, estado a mais é outro.  E estamos claramente ultrapassados no tocante à boa dimensão do Estado.

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